Prefeitura de Goiânia impõe novas regras para lavadores de carros: impactos e reações

Regras mais rígidas para lavadores de carros em Goiânia

A Prefeitura de Goiânia implementou o Decreto nº 2.714/2025, estabelecendo novas diretrizes para a atuação dos lavadores de carros autônomos na cidade. As mudanças visam ordenar o uso de espaços públicos e reduzir impactos ambientais.

Entre as principais alterações, destaca-se a obrigatoriedade do uso de produtos biodegradáveis, a restrição da atividade a áreas pavimentadas e a proibição da lavagem de partes internas dos veículos. O descumprimento dessas normas pode resultar na cassação da autorização para o exercício da atividade.

Reações dos trabalhadores e debates públicos

As novas regras geraram reações entre os lavadores de carros e representantes da categoria. Em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Goiás, trabalhadores expressaram preocupações sobre a viabilidade de cumprir as exigências e o impacto nas suas atividades. Representantes sindicais destacaram a importância de regulamentar a profissão de forma que não prejudique os profissionais que dependem dessa atividade para sustento.

O deputado Mauro Rubem (PT) ressaltou a necessidade de garantir o emprego dos trabalhadores e proteger o meio ambiente, buscando um equilíbrio entre as novas exigências e a realidade dos lavadores de carros.

Fiscalização e processo de regularização

Os órgãos municipais têm 60 dias para identificar os locais de atuação dos lavadores. Após notificação, cada trabalhador terá 15 dias para iniciar o processo de regularização, que deve ser feito presencialmente nas unidades do Atende Fácil. O prazo total para obtenção da autorização é de 90 dias.

A demarcação dos espaços autorizados ficará sob responsabilidade dos órgãos de trânsito, que avaliarão a viabilidade técnica da sinalização e delimitação dos pontos, mediante pagamento de taxas específicas pelos interessados.

Essas medidas visam atender a determinações judiciais e regularizar a presença dos lavadores de carro em espaços públicos, promovendo a sustentabilidade e o ordenamento urbano.

A implementação do Decreto nº 2.714/2025 pela Prefeitura de Goiânia reflete um esforço para equilibrar a necessidade de ordenamento urbano e preservação ambiental com a realidade dos trabalhadores autônomos. Enquanto as novas regras buscam reduzir impactos ambientais e organizar o uso de espaços públicos, é essencial que o processo de regulamentação considere as condições dos lavadores de carros, garantindo que possam se adequar às exigências sem comprometer sua subsistência.

O diálogo contínuo entre autoridades, representantes da categoria e a sociedade civil será fundamental para assegurar que as medidas adotadas sejam eficazes e justas, promovendo um ambiente urbano mais organizado e sustentável, sem negligenciar os direitos e necessidades dos trabalhadores envolvidos.

Opinião VCO

É evidente que a tentativa da Prefeitura de Goiânia de organizar o espaço urbano e proteger o meio ambiente com novas regras para lavadores de carro é válida e necessária. Afinal, o uso desordenado de vias públicas, com água escorrendo pelas calçadas, produtos químicos contaminando o solo e a ausência de controle sobre a atividade, compromete a convivência urbana e gera impactos ambientais sérios. Nesse sentido, a administração municipal cumpre seu papel ao buscar normatizar uma prática que, embora comum, historicamente vive à margem de qualquer regulamentação. No entanto, é preciso destacar que a medida, para ser eficaz, deve vir acompanhada de diálogo real e sensível com os trabalhadores, muitos deles em situação de vulnerabilidade social. Regular não pode significar excluir, e nisso o poder público precisa caminhar com mais empatia e planejamento.

Por outro lado, também não se pode cair no discurso fácil de que toda exigência é uma forma de repressão ao trabalho informal. O Brasil precisa avançar no caminho da formalização e da responsabilidade ambiental, e essa iniciativa pode ser um exemplo positivo se for aplicada com equilíbrio. A exigência de produtos biodegradáveis, por exemplo, é uma pauta frequentemente defendida por setores mais progressistas, e nesse ponto, mesmo quem se identifica com ideias mais liberais ou de centro-direita deve reconhecer o mérito da proposta. Cuidar do meio ambiente e manter a cidade organizada não são bandeiras exclusivas de um espectro político. O desafio está em garantir que essa regulamentação seja acessível, transparente e que ofereça meios reais para que esses trabalhadores se adequem às novas regras sem perder o sustento.

O ideal seria que a Prefeitura de Goiânia, além de normatizar, oferecesse apoio prático: capacitações, linhas de crédito ou até cooperativas de lavadores legalizados com incentivos fiscais para adoção de práticas sustentáveis. É aí que o equilíbrio entre ordem e sensibilidade social pode ser atingido. O centro político, posição que busco representar, defende justamente esse caminho do meio: o da racionalidade com humanidade, o da responsabilidade social sem populismo vazio. Com diálogo, planejamento e responsabilidade compartilhada entre o poder público e os trabalhadores, Goiânia pode dar um passo importante não apenas na organização do espaço urbano, mas também na valorização de quem constrói a cidade no dia a dia, com o trabalho honesto e persistente de quem vive da labuta nas ruas.


Imagens utilizadas:

  • Praça Coronel Curado (Foto: Nádia Junqueira/arquivo)

Referências:

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